sexta-feira, 31 de janeiro de 2020

Água e óleo se misturam?



      Há algum tempo um membro do Templo Espiritual Caboclo Pantera Negra, em seu perfil do Facebook, fez os seguintes questionamentos: “E aí, uma pessoa pode misturar tradição africana, tradição cristã, paganismo, bruxaria e outras práticas esotéricas e fazer tudo junto e misturado? Será que água benta e azeite de Dendê se misturam?”
   Houve a participação de várias pessoas que em vez de tentaram responder aos questionamentos, fugiam das perguntas, fazendo críticas ao questionamento. Foi quando entrei na conversa, que a resumo abaixo:

“Meus caros, creio que está havendo alguns enganos conceituais, que devem ser observados, para que se compreenda a postagem inicial.A pergunta foi: ‘E aí, uma pessoa pode misturar tradição africana, tradição cristã, paganismo, bruxaria e outras práticas esotéricas e fazer tudo junto e misturado?’ A resposta óbvia é NÃO, porém....Mas, o que é tradição africana? O que é tradição cristã? O que é paganismo? O que é bruxaria? O que são "práticas esotéricas"?Se não formos capazes de responder a essas perguntas, não será possível uma resposta adequada!Temos, primeiro, que saber o que é tradicional e de qual ‘tradicionalismo’ estamos falando.Quando falo em ‘tradição africana’, devo saber a qual país estou me referindo, a qual nação, a qual grupo étnico etc, a mesma coisa tenho que falar da tradição cristã (católica, ortodoxa, primitiva, metodista etc) e assim vai.As próprias religiões ocidentais, por exemplo, atestam a influência que uma sofreu de outra, isso não é errado, a questão é a mistura sem entendimento.Devemos atentar, também, para os conceitos: tradição não quer dizer religião e vice-versa. Religião é um termo que só é cabível num contexto ocidental.A tradição, por vezes, é vista como religião, sob o olhar do Ocidente, eivado dos conceitos judaico-cristãos, que para os praticantes das religiões tradicionais em África esta não se enquadra nesses conceitos. É por esse prisma que é completamente possível a um yorùbá ser cristão ou muçulmano e ainda assim cultuar os Orixás. Nesse caso, ele sabe exatamente o ‘lugar que cada um possui, assim sendo, não há misturasTradição é a passagem de ensinamentos de uma geração a outra, sendo que sua origem é vista como divina, advinda por meio de um fato sobrenatural. Essa transmissão pode ser oral ou escrita ou pelo exemplo dos mais velhos. Já a cultura se refere às características que descrevem uma sociedade em um dado momento. A tradição, muitas das vezes, permanece por longos períodos inalterada, enquanto a cultura muda continuamente.Religião, no sentido usual do Ocidente se refere ao ‘religar’, ou seja, ligar de novo. Esse conceito somente cabe aos ocidentais, vez que está ligado diretamente à queda adâmica, ou seja, quando Adão caiu, ele foi retirado da Face de Deus, portanto ‘desligado’ de Sua Presença. Assim, a religião seria o meio possível de ligar novamente o homem a Deus.Para os praticantes das tradições africanas, por exemplo, essa ideia não existe, pois o homem nunca se desligou da divindade, ele nunca ‘caiu’ do Paraíso para o ‘mundo de expiações’.Nessas tradições a ligação é perpétua e inquebrantável. Nós podemos nos afastar das divindades, porém elas nunca se afastarão de nós.Dessa forma, quando um yorùbá muçulmano ou cristão cultua os Orixás ele está praticando sua tradição, não sua religião, pois para ele elas estão em ‘lugares’ diferentes.”

No decorrer do debate, lembrei-me de um texto que havia escrito, que veio ao encontro do que estávamos discutindo:

“Espanta-me, sinceramente, essa ideia fluida, novaerista e, para mim, sem sentido, de que a espiritualidade não deve estar ligada a nenhuma religião. Essa pretensa ‘liberdade’ é apenas desculpa, nada mais.
O que se quer, na verdade, é não ter compromisso. Não seguir os princípios, os fundamentos, as regras, a hierarquia. Acham que, assim, terão um ar ‘clean’, sentir-se-ão mais ‘antenadas’, pois estão abertas a qualquer experiência, por isso se acham mais ‘sensíveis’, mais ‘leves’. Creem que invocar ou rezar, ao mesmo tempo, para São Miguel Arcanjo e Asmodeus (para dar exemplos comuns) é possível e mostra o quanto o rezador é ‘cool’, ‘legal’, ‘solto’ e ‘desapegado a regras’. E dá-lhe Zigmunt Bauman com a teoria da ‘modernidade fluida’.Eu, como perenialista, sempre me preocupo com a tradição original da prática espiritual que realizo; e, para tanto, me apoio na iniciação tradicional, ligada a alguma religião, a qual me permitirá acesso aos resultados esperados da prática. Isso dá trabalho, é maçante, obriga-nos a estudar, a nos esforçar, a acordar cedo e dormir muito tarde: pouquíssimos querem se submeter a isso!Como dizem os mais velhos: ‘todo mundo quer ir para o paraíso, mas ninguém quer morrer!’ ou ‘trabalho para quê? Trabalho dá muito trabalho’.Continuarei sendo chato, retrógrado, pesado, insensível, regrado, mas com a cabeça boa, sem problemas espirituais, sem confusões em minha vida e com a certeza de que minhas práticas espirituais serão sempre bem sucedidas.”




quinta-feira, 30 de janeiro de 2020



No dia 03 de Agosto de 2019 tivemos a palestra "Ògún, o orixá da tecnologia e da civilização", na qual discutiu-se a grandeza e importância desse Irúnmọlẹ̀/Òrìṣà para o povo yorùbá (iorubá) e para os seguidores dos cultos afro-diaspóricos e afro-brasileiros.
Discutiu-se os elementos que compõem as histórias sobre Ògún, bem como as suas representações, como o ferro, a caça, a tecnologia, a civilização, a justiça e a prosperidade.
Esclareceu-se que, para o yorùbá, Ògún (Orixá) não possui uma relação direta com Yemọjá (Iemanjá), ou com a guerra (Ogun).
Como Ògún é o Orixá que ensinou a caça aos demais Orixás e aos seres humanos, abordou-se o fato de que Ògún é o Orixá dos caçadores (em yorùbá Ọdẹs). Sendo assim, Ọ̀ṣọ́ọ̀si (oxóssi) foi seu primeiro cultuador, pois ele foi o primeiro Olúọdẹ (Senhor dos caçadores). Também explicamos a grafia correta de Lòògùnẹdẹ̀ (Logunedé), ressaltando a importância de Ògún com a magia (òògùn) e a ligação que há entre esses dois Orixás.

]


Em 20 de julho de 2019 houve a palestra "Jurema sagrada: a fina ciência do nordeste". “Foi justamente a partir da conjuntura de destribalização indígena Tupi no litoral paraibano que registramos uma renovação do uso ritual da jurema com o nascimento de um xamanismo que continha elementos não indígenas em sua configuração. Foi assim na cidade de Alhandra, onde emergiu um culto que se distanciou do viés étnico e centrou-se mais na percepção das ‘cidades da jurema’ e seus ‘mestres’. O catimbó aí emergente nem por isso esteve deslocado da resistência indígena ao colonialismo. Já no século XX, o catimbó – que foi se transmutando para uma religiosidade chamada simplesmente de jurema – é alcançado pela umbanda que, com toda sua plasticidade processual característica, foi reconfigurando aquela tradição religiosa e o uso da jurema a ela associada. Mas, nem por isso, usos tradicionais do catimbó-jurema e indígenas deixaram de ser praticados.” (GRÜNEWALD, Rodrigo de Azeredo. Nas trilhas da Jurema. Religião e Sociedade, Rio de Janeiro, 38.1: 110-135, 2018) Abordou-se, também, sobre o Universo do Catimbó/Jurema: as cidades sagradas, a Princesa, o Príncipe, os Mestres e Mestras, Caboclos e Caboclas.

quarta-feira, 29 de janeiro de 2020

Ìwà Pẹ̀lẹ́: a chave do sucesso na vida espiritual




Ìwà Pẹ̀lẹ́: a chave do sucesso na vida espiritual
Em 22 de junho de 2019, no Templo Espiritual Caboclo Pantera Negra, tivemos a palestra "Ìwà Pẹ̀lẹ́: a chave do sucesso na vida espiritual", na qual se discutiu sobre ética e moral, pois devemos compreender o que é a ética para que possamos segui-la a fim de ter bons frutos durante nossa jornada espiritual em contato com o Ọ̀run (mundo espiritual).
Ìwà Pẹ̀lẹ́ é considerado pelos Yorùbás como a representação do bom caráter e está relacionado com a capacidade prática de provocar mudanças evidentes de energia. Na religião tradicional Yorùbá isso é de suma importância, já que o caráter do homem demonstra seu coração e Olòdúmarè (Deus), o qual é chamado de “O buscador de corações”, vai em busca de nossos corações analisando-o sempre. Nas religiões tradicionais o coração desempenha papel importante.
Ìwà significa caráter, a energia da vida. Ìwà é o que caracteriza uma pessoa sob o ponto de vista ético. Para ser feliz uma pessoa deve ter Ìwà Pẹ̀lẹ́, pois quem tem bom caráter não entra em choque com os seres humanos, nem com os poderes sobrenaturais. Esse é o mais importante dos valores morais (prática da ética) Yorùbá, e a essência da fé consiste em cultivá-lo.

Sobre o expositor: Sacerdote afro-religioso. É dirigente do Templo Espiritual Caboclo Pantera Negra (Terreiro de Umbanda Omolokô) e do Ilé Ifá Ajàgùnmàlè Olóòtọ́ Aiyé. É Erìnmì Awo da cidade de Ìjágbó, Estado de Kwárà, Nigéria e o Líder (Olórí Ẹbí) da família de Ifá do Àràbà Olúsọjí Oyékàlẹ̀ para o Brasil. Especialista e Mestre em Ciência da Religião (ambas pela PUC/SP), Especialista em História da África e do Negro no Brasil pela UCAM/RJ; Bacharel, Mestre e Doutor em Ciências Policiais de Segurança e Ordem Pública, pelo Centro de Altos Estudos de Segurança; Especialista em Políticas Públicas de Gestão em Segurança Pública (PUC/SP).


Saudação ao Òrìṣà Ògún






Saudação ao Òrìṣà Ògún feita por um Olúọ́dẹ, ou seja, um devoto de Ògún. A palavra Olúọ́dẹ significa "chefe dos caçadores".
Na Nigéria o Olúọ́dẹ é responsável por saudar Ògún antes das caçadas e recitar os Oríkì (poemas laudatórios) em ocasiões especiais, tais como enterro, nascimento, casamento etc.


Importância dos Caboclos na Umbanda e nos cultos afro-brasileiros






No dia 25 de maio de 2019 tivemos palestra que abordou a importância do Caboclo na Umbanda e nos cultos afro-brasileiros e afro-ameríndios.
Entende-se que a figura do Caboclo no universo mágico-espiritual brasileiro não nasceu com a Umbanda, inclusive, os Caboclos já eram vistos como figura central em alguns cultos antes até da popularização do orixá Oxóssi (Ọ̀ṣọ́ọ̀si).
Abordou-se os diversos cultos e religiões em que a figura do Caboclo é fundamental, de forma a se entender a importância que possui.

Sobre o expositor: Sacerdote afro-religioso. É dirigente do Templo Espiritual Caboclo Pantera Negra (Terreiro de Umbanda Omolokô) e do Ilé Ifá Ajàgùnmàlè Olóòtọ́ Aiyé. É Erìnmì Awo da cidade de Ìjágbó, Estado de Kwárà, Nigéria e o Líder (Olórí Ẹbí) da família de Ifá do Àràbà Olúsọjí Oyékàlẹ̀ para o Brasil. Especialista e Mestre em Ciência da Religião (ambas pela PUC/SP), Especialista em História da África e do Negro no Brasil pela UCAM/RJ; Bacharel, Mestre e Doutor em Ciências Policiais de Segurança e Ordem Pública, pelo Centro de Altos Estudos de Segurança; Especialista em Políticas Públicas de Gestão em Segurança Pública (PUC/SP).


A construção histórica do Preto-Velho na Umbanda e sua importância nos cultos afro-brasileiros




Em 11 de maio de 2019, em razão da lembrança dos 131 anos da assinatura da "Lei Áurea", tivemos a palestra sobre a construção histórica do Preto-Velho e sua importância nos cultos afro-brasileiros, abordando a Macumba Carioca, a Umbanda, dando destaque à Umbanda Branca & Demanda praticada por Zélio Fernandino de Moraes na Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade.
Abordou-se, também, a forma como os pretos-velhos se manifestam e as razões sócio-econômicas que estão por trás desse comportamento subserviente, abordando-se, ainda, os estigmas dessas entidades espirituais da tradição afro-brasileira.

Sobre o expositor: Sacerdote afro-religioso. É dirigente do Templo Espiritual Caboclo Pantera Negra (Terreiro de Umbanda Omolokô) e do Ilé Ifá Ajàgùnmàlè Olóòtọ́ Aiyé. É Erìnmì Awo da cidade de Ìjágbó, Estado de Kwárà, Nigéria e o Líder (Olórí Ẹbí) da família de Ifá do Àràbà Olúsọjí Oyékàlẹ̀ para o Brasil. Especialista e Mestre em Ciência da Religião (ambas pela PUC/SP), Especialista em História da África e do Negro no Brasil pela UCAM/RJ; Bacharel, Mestre e Doutor em Ciências Policiais de Segurança e Ordem Pública, pelo Centro de Altos Estudos de Segurança; Especialista em Políticas Públicas de Gestão em Segurança Pública (PUC/SP).

A influência Yorùbá na Umbanda





Neste vídeo apresenta-se as influências que a tradição Yorùbá na Umbanda, bem como as influências que teve, também, da tradição Bantu.

Sobre o expositor: Sacerdote afro-religioso. É dirigente do Templo Espiritual Caboclo Pantera Negra (Terreiro de Umbanda Omolokô) e do Ilé Ifá Ajàgùnmàlè Olóòtọ́ Aiyé. É Erìnmì Awo da cidade de Ìjágbó, Estado de Kwárà, Nigéria e o Líder (Olórí Ẹbí) da família de Ifá do Àràbà Olúsọjí Oyékàlẹ̀ para o Brasil. Especialista e Mestre em Ciência da Religião (ambas pela PUC/SP), Especialista em História da África e do Negro no Brasil pela UCAM/RJ; Bacharel, Mestre e Doutor em Ciências Policiais de Segurança e Ordem Pública, pelo Centro de Altos Estudos de Segurança; Especialista em Políticas Públicas de Gestão em Segurança Pública (PUC/SP).

Do Òrìṣà Èṣù à entidade Exu: como compreender o papel desse Irúnmọlẹ̀



No dia 08 de junho de 2019 tivemos a palestra que tratou do Òrìṣà Èṣù, divindade primordial do panteão yorùbá, bem como suas transformações no Brasil, inclusive sua associação com o "diabo" das religiões judaico-cristãs.
Nessa palestra tentou-se desmistificar vários aspectos de Exu, bem como sua representação no Candomblé, Umbanda, Quimbanda e outros cultos afro-brasileiros.
Abordou-se, também, o pensamento errôneo de se comparar o Òrìṣà Èṣù com o Exu da Umbanda e Kimbanda, bem como com os Minkisi Pambu Njila e Aluvaiá (do panteão bantu) ou com o Vòdún Lε̆gbà (do panteão Ewe/Fɔ̀n/jèji). Não deixe de curtir, comentar e de se inscrever no canal.

Sobre o expositor: Sacerdote afro-religioso. É dirigente do Templo Espiritual Caboclo Pantera Negra (Terreiro de Umbanda Omolokô) e do Ilé Ifá Ajàgùnmàlè Olóòtọ́ Aiyé. É Erìnmì Awo da cidade de Ìjágbó, Estado de Kwárà, Nigéria e o Líder (Olórí Ẹbí) da família de Ifá do Àràbà Olúsọjí Oyékàlẹ̀ para o Brasil. Especialista e Mestre em Ciência da Religião (ambas pela PUC/SP), Especialista em História da África e do Negro no Brasil pela UCAM/RJ; Bacharel, Mestre e Doutor em Ciências Policiais de Segurança e Ordem Pública, pelo Centro de Altos Estudos de Segurança; Especialista em Políticas Públicas de Gestão em Segurança Pública (PUC/SP).

segunda-feira, 27 de janeiro de 2020

Palestra com o Àràbà Olúsọ́jí Oyékàlẹ̀



No mês de abril de 2019, o Templo de Ifá "Ajàgùnmàlè, o Veraz", em parceria com o Templo Espiritual "Caboclo Pantera Negra", recebeu o Awo Olúsọ́jí Oyékàlẹ̀, que é o Àràbà* de Ìjàgbó (estado de Kwàrà, Nigéria), bem como o Awo Ifáṣọlá Ifáṣinà Àmúfáwuni Ògún, que acompanhava o Àràbà.
No dia 06 de abril de 2019 o Àràbà nos brindou com uma palestra incrível sobre como é o culto tradicional Yorùbá, praticado na Nigéria, exemplificando algumas práticas de Ifá e Òrìṣà.
Esperamos que gostem!
Sobre o Àràbà: O Àràbà Awo Olúsọ́jí Oyékàlẹ̀ é natural da cidade de Ìjàgbó (Estado de Kwàrà, Nigéria). É bacharel em Língua Inglesa. Ifá, em sua vida, é uma herança familiar, pois descende de uma longa linhagem de Sacerdotes de Ifá (Babaláwo). Ainda assim, foi treinado por diversos outros Sacerdotes de Ifá, tais como o Olóyè Amori Fábúnmi, um dos mais importantes Babaláwo, e o Olóyè Fálọlá Oyèyọmí Àbukẹ́. O Àràbà Olúsọ́jí Oyékàlẹ̀ possui mais de 30 anos de prática como Sacerdote de Ifá e de Òrìṣà, tendo iniciado e treinado diversos Sacerdotes de Ifá na Nigéria e em outros países. Ele é o Dirigente do Ilé Ifá Ifáláfinimọ̀nà, Templo de Ifá fundado por ele na cidade de Ìjàgbó, um dos mais respeitados templos de Ifá do Mundo, dedicado a oferecer a todos os praticantes do Culto de Ifá e de Òrìṣà conhecimento, treinamento e orientação, além de ajudar a comunidade local a ter uma boa qualidade de vida.
O Àràbà Olúsọ́jí Oyékàlẹ̀ está apto a fazer iniciações em Ifá, Ògún, Ṣàngó, Ọ̀ṣun, Ọya (Ìyànsàn), Yemọja, Ẹgbẹ́, Ọbàtálá, Èṣù, Ògbóni, Ìyàmi, Aganjú, Ọbalúayé, Odù-Lógbóje, Àjé e outros Àwọn Òrìṣà (Orixás). Para o Àràbà Olúsọ́jí Oyékàlẹ̀ a iniciação é um renascimento, pois o iniciado estará alicerçado com as corretas energias, que devem fazer brilhar definitivamente seu Orí.
Já o Awo Ifáṣọlá Ifáṣinà Àmúfáwuni Ògún é o Awo Akọ́dá (segundo na hierarquia) da família de Ifá do Àràbà Olúsọ́jí Oyékàlẹ̀, sendo que ele foi o Ojùgbọ̀nà (condutor e professor imediato dos iniciandos) de todos os iniciados em Ifá do Templo de Ifá "Ajàgùnmàlè, o Veraz".

Àṣẹ!!

* A palavra Àràbà designa uma árvore, cujo nome científico é "Ceiba pentandra", conhecida no Brasil como Mafumeira, Samaúma, entre outros. É típica das Américas Central e do Sul e parte da África Ocidental. Em sua fase adulta pode atingir 80 metros, sendo que seu tronco alcança 03 metros de diâmetro, possuindo grande copa e, por isso, produz muita sombra.
Na Religião Tradicional Yorùbá o vocábulo Àràbà se refere ao líder de uma comunidade formada pelos seguidores do culto de Ifá, especialmente os Babaláwo, de uma cidade. Assim, todas essas comunidades possuem um Àràbà que os lidera e os representa. Ele é escolhido pela comunidade e, normalmente, essa escolha recai não somente sobre o mais velho e experiente Sacerdote, mas sobre o mais capacitado para conduzí-la ao sucesso. Dessa forma, não é possível ser Àràbà se não for por escolha direta de seus futuros liderados. Assim como "Àràbà-árvore" produz muita sombra e protege todos aqueles que estão sob sua copa, o "Àràbà-Sacerdote de Ifá" deve colocar sob sua proteção a comunidade, dando-lhes condições a terem uma vida mais adequada.
Quando da morte de um Àràbà o conselho de Babaláwo se reúne para fazer a escolha de um novo. Em primeiro lugar se ouvirá o Babaláwo mais velho, para ver sua opinião e se ele possui alguma indicação ou se ele mesmo não deseja ser o novo Àràbà.
É comum indicar-se o filho mais velho do Àràbà falecido, desde que este seja Babaláwo, mas não é uma regra absoluta. Depois da indicação um dos Babaláwo do conselho fará a divinação para saber se Ifá aprova ou não a escolha do novo Àràbà.
Havendo a concordância, marca-se a data para a cerimônia de posse. Se não houve faz-se um novo escrutínio e submete, mais uma vez à divinação, pois a palavra final é de Ifá. O Rei da cidade é quem preside a cerimônia de posse, auxiliado pelas autoridades locais, especialmente os dirigentes da Sociedade Ògbóni.


O mistério da Macumba :  curiosas revelações sobre os ritos africanos no Brasil Por Carlos Alberto Nóbrega da Cunha (Matéria publicada n...