MORALIDADE
E SUA JUSTIFICATIVA: O EXEMPLO YORÙBÁ[1]
Ọlátúnjí Ayọọlá Oyèsílé[2]
Tradução de Mário Filho
Tradução de Mário Filho
Introdução
Em
um mundo cada vez mais violento e imprevisível, no qual a guerra, o lucro e a
luta pelo poder são dominantes e no qual a humanidade está, de boa vontade, disposta
à autoimolação e destruição, há uma necessidade urgente de retornar à base moral[3] da
existência humana. Essa é uma necessidade urgente para impedir o retorno ao
estado hobbesiano da natureza, em que a vida do homem é "solitária, pobre,
desagradável, brutal e curta".
No
entanto, muitos perguntam: por que alguém deveria ser moral em um mundo cada
vez mais mecanicista e automatizado, no qual o homem quase se perdeu? Este
artigo fornece arcabouço para tentar responder a essa importante pergunta,
examinando a lógica de ser moral, usando o grupo étnico yorùbá da Nigéria como
exemplo. O artigo sugere que os seres humanos são, em primeiro lugar, morais,
em razão de seus próprios interesses e secundariamente por causa do bem-estar
da comunidade da qual são membros.
Em
resumo, a lógica de ser moral é garantir o bem-estar humano. Alusões a Deus, força
do hábito, costumes, tradição e teorias do contrato social são apêndices da
primazia do bem-estar humano. O imperativo do bem-estar humano deve ser uma
razão genuína para o homem mecanicista moderno retornar à base moral da
existência.
Moralidade e sua natureza
universal
Em
toda sociedade, acredita-se que é necessário distinguir a conduta correta ou
boa da conduta errada ou ruim, a fim de garantir uma vida harmoniosa. A
coexistência harmoniosa é importante não apenas para garantir a sobrevivência
contínua da sociedade, mas, também, para garantir seu desenvolvimento em
qualidade. Quando estamos preocupados com a boa ou má conduta, estamos no domínio
da moralidade.
Devido
à importância atribuída à moralidade, os homens internalizaram os princípios e
valores que os orientariam na escolha do curso de ação correta de tempos em
tempos. A moralidade está, portanto, preocupada com a conduta humana. Em outras
palavras, trata-se de ações, julgamentos e crenças certas e erradas sobre o que
é bom ou ruim, sem o qual a sociedade (qualquer sociedade humana) não pode se
desenvolver. É óbvio, então, que a moralidade está necessariamente ligada ao
comportamento ou conduta humana, porque, se esse não fosse o caso, não haveria
necessidade de elogiar ou criticar as pessoas ou suas ações ou treiná-las para
que se comportem de uma maneira desejável na sociedade. (Ọládipọ̀, 1987:
44-45).
A
questão que se coloca aqui é a seguinte: O que torna uma questão moral e como
podemos distinguir entre moral e não-moral?
Questões
morais surgem na vida cotidiana e nos são apresentadas perguntas como: O que
devo fazer ou não? Como devo agir? ou Que tipo de pessoa devo ser? Essas são
questões que dizem respeito tanto ao comportamento quanto ao caráter do
indivíduo. (Barcalow, 1994:3) Embora se possa ver que essas questões emanam do
ponto de vista de um indivíduo, uma análise cuidadosa mostraria que elas afetam
o bem-estar de outras pessoas na sociedade. Podemos dizer, portanto, que as
questões morais surgem "fundamentalmente quando as escolhas que as pessoas
enfrentam afetam o bem-estar dos outros, aumentando ou diminuindo, causando
danos ou benefícios." (ib.: 4)
Com
relação à análise acima, vestir uma camisa azul em vez de vermelha, beber refrigerante
em vez de café, jogar futebol em vez de beisebol não são questões morais,
porque, quaisquer que sejam as escolhas feitas, não afetam o bem-estar de
outras pessoas. Elas só podem se tornar questões morais se for estabelecido,
por exemplo, que jogando futebol e não beisebol, o bem-estar dos outros seria
afetado. Por outro lado, venda de drogas, agredir um cônjuge etc. são questões morais,
porque as escolhas que indivíduos fizeram a respeito desses assuntos afetam o
bem-estar de outras pessoas. Por exemplo, a venda de medicamentos vencidos ou
sem receita médica pode causar danos físicos e psicológicos a outros. Devemos
observar, no entanto, que questões morais não se restringem a assuntos que
dizem respeito ao bem-estar dos outros, mas também surgem nos casos em que
apenas o bem-estar do agente é afetado. (Ibid.) Por exemplo, a escolha de um
indivíduo de cometer suicídio ou continuar lutando pela sobrevivência em um
ambiente desolado é uma questão moral, não porque o ato de suicídio afeta
indiretamente o bem-estar de outras pessoas na sociedade, mas também porque
afeta o bem-estar do agente. Isso é melhor apreciado quando percebemos que o
objetivo final da moralidade é o bem-estar humano (individual e coletivo).
De
nossa análise da moralidade, vimos que escolha, liberdade e bem-estar são
conceitos importantes. Também mostramos que outros são importantes quando se
faz uma escolha. Talvez isso mostre que a moralidade é um fenômeno social.
Moralidade e adjetivos morais
no sistema tradicional de crenças yorùbá
Os
valores morais constituem um aspecto muito importante de qualquer sociedade.
Segundo Gyckye, os valores morais são aquelas formas ou padrões de conduta que
são considerados valiosos e, portanto, valorizados pela sociedade. Eles
constituem não apenas princípios de comportamento, mas também objetivos de ação
social e individual (Gyekye, 1996:54). Os valores morais no sistema tradicional
de crenças yorùbá giram em torno do conceito de Ìwà (caráter). De fato, existe
um consenso entre os yorùbá de que a moralidade é resumida na palavra Ìwà, que
em sua tradução comum significa caráter. (Idowu, 1962: 154)
Ìwà
(caráter) tem muitos derivados e é exatamente isso que torna a vida agradável.
Por causa disso, é frequentemente enfatizado "que o bom caráter deve ser o
traço dominante na vida de uma pessoa". (ibid) A partir dessa concepção de
Ìwà, é comum ouvir aforismos como "Ìwà rere lẹ̀ṣọ́ ènìyàn",
significando que o “bom caráter é o que adorna um homem”, ou melhor dizendo, a beleza
de uma pessoa vem de seu bom caráter e é o bom caráter que a protege.
O termo Ìwà, às vezes, tem um
significado ambivalente porque é usado em diferentes sentidos para retratar o
caráter de uma pessoa, seja bom ou ruim. Wándé Abímbọ́lá (1979) lançou luz
sobre os diferentes sentidos do termo. Podemos pelo menos elencar quatro ou
cinco sentidos nos quais o termo é usado, todos relacionados entre si.
Etimologicamente, a palavra Ìwà é formada a partir da raiz "wà" (ser,
existir) pela adição do prefixo "I". Portanto, o significado original
de Ìwà pode simplesmente ser interpretado como "o fato de ser, viver ou
existir". (Ibid.:393)
O
segundo significado de Ìwà é caráter ou comportamento moral. Isso se origina do
uso idiomático do significado lexical original de Ìwà. Tomando como esse o
caso, Ìwà é interpretado como caráter e é a essência de ser. (ibid.: 394)
Simplificando, Ìwà, nesse sentido, diz respeito aos aspectos morais da vida do
homem, distintos de outras áreas do conhecimento humano, como economia e
ciência.
No
terceiro sentido, a palavra Ìwà é usada para se referir a caracteres bons ou maus
(ibid.). Este sentido do termo pode ser demonstrado em declarações como: “Ìwà Ọkùnrin
náà kò dára” (O caráter do homem não é bom) e “Ìwà ọmọ náà dára” (O caráter da
criança é bom).
O
quarto sentido do termo, Ìwà, é usado para se referir apenas ao bom caráter,
como em: “Obìnrin náà ni Ìwà” (a mulher tem bom caráter).
O
quinto sentido, derivado dos anteriores, é quando se fala de “Ìwà Pẹ̀lẹ́”
(caráter gentil e benfazejo) e “Ìwà búburú” (caráter ruim).
Os
yorùbás têm grande consideração por Ìwà e o veem como um dos objetivos da
existência humana. Para alcançar o objetivo de uma vida, que é a vida boa, é
preciso adotar “Ìwà Pẹ̀lẹ́” (ibid.:394-395).
Uma
pessoa que se recusa a ter caráter bom ou gentil é vista como uma besta, um
animal irracional. Os yorùbá dizem sobre essa pessoa: “kìí ṣe ènìyàn, ń ṣe lo
f’àwọ ènìyàn bora” (Ele não é um ser humano, apenas assumiu a pele de um ser
humano).
Uma
pessoa bem comportada é descrita como "O ṣe ènìyàn" (ele age como um
ser humano). Ele também pode ser chamado de Ọmọlúwàbí (alguém que se
comporta como uma pessoa nascida com os melhores ideais). O que precede não tem
nada a ver com a negação ou afirmação da natureza biológica de uma pessoa. Antes,
o termo ènìyàn (ser humano) é usado metaforicamente para descrever a natureza moral
de uma pessoa.
A
importância de Ìwà (caráter) é amplamente demonstrada no corpus de Ifá, como
podemos ver no Odù Ogbè Ògúndá (Ìdòwú, 155). Nos é contada a história de Ọ̀rúnmìlà,
que estava buscando sucesso, mas foi dito que isso só seria possível se ele se
casasse com Ìwà. Ele o fez e se tornou muito bem sucedido. O exemplo de Ọ̀rúnmìlà
fez outras pessoas procurarem Ìwà, Ìwà, nos é dito, se tornou mãe de muitos
filhos, como mostra o ẹsẹ̀ do
Odù
Ifá Ogbè Ògúndá:
Ẹ wá w’ọmọ Ìwà bẹrẹrẹ o
Ẹ wá w’ọmọ Ìwà bẹrẹrẹ o
Ìwà gbé dání
Ìwà pòn s’éhìn
Ẹ wá w’ọmọ ìwà bẹrẹrẹ
Vinde e contemple os incontáveis
filhos de Ìwà,
Vinde e contemple os incontáveis
filhos de Ìwà,
Ìwà carrega (as crianças) nos
braços
Ìwà carrega (os filhos) de
costas,
Vinde e contemple os incontáveis
filhos de Ìwà.
A justificativa da moralidade
no universo yorùbá
A
pergunta central para a observância de qualquer norma moral, em qualquer
sociedade é: por que eu deveria ser moral?[4] A
questão pode ser reformulada de outras maneiras, por exemplo: Por que devo
obedecer às normas? Por que as pessoas devem obedecer às regras? Uma resposta
para qualquer uma dessas perguntas também pode servir como resposta para outras
perguntas. Muitas teorias, especialmente nas sociedades ocidentais, tentaram
abordar essas questões. Segundo Frankena, essas questões envolvem a:
(1) O
motivo para fazer o que é moralmente certo. (2) uma justificativa para fazer o
que é moralmente correto, (3) motivação para adotar o ponto de vista moral e
para aceitar a instituição moral da vida ou (4) uma justificativa para a moralidade
e o ponto de vista moral (Frankena, op. cit.: 14).
Respostas
dadas às nossas perguntas podem incluir algumas ou todas os seguintes: Que
somos morais porque Deus ou os deuses o ordenaram; que somos morais porque
nossa consciência pode ou não desejar sê-lo; e que somos morais porque é o interesse
próprio do agente em ser assim. Todos esses fatores foram tomados para formar o
sedimento da obrigação moral. No entanto, mostraremos que na sociedade yorùbá
tradicional, como muitas outras sociedades, o fundamento da obrigação moral se
baseia principalmente no bem-estar humano, que incorpora o bem-estar da
sociedade e do próprio indivíduo.
É
necessário ser moral para ter uma vida humana satisfatória; caso contrário,
todos estaremos em situação ruim. Se seguirmos esse raciocínio ao limite, veremos
que ser moral é vantajoso para todos. Em outras palavras, a razão não-moral de
ser moral é o benefício que advém ao próprio agente que alguns chamam de
interesse próprio. Como a lógica de ser moral é baseada no bem-estar humano,
ações prudenciais e expeditas que assegurem o interesse próprio do indivíduo
não podem ser enfatizadas demasiadamente.
Nossa
tentativa, portanto, deverá mostrar como outros fundamentos da obrigação moral,
em particular o fundamento religioso, sustentam o principal fator que é o bem-estar
humano. Em outras palavras, esses outros fatores são apenas secundários e não
fornecem uma base adequada para o porquê de alguém ser moral.
Comecemos
nossa análise com a pergunta: Por que uma pessoa deve ter Ìwà (caráter)?
Seguindo o argumento religioso, é moral porque Olódùmarè (Ser Supremo) ordenou.
Além disso, é por ter Ìwà que o homem pode se libertar da estrutura autoritária
e hierárquica do universo. Ìwà também garante que a vida de um homem seja
guiada por alguns princípios, o que lhe permite evitar colisões com forças supernaturais
e seus semelhantes.
Veremos
que a pessoa moral no universo yorùbá adota o Ìwà principalmente para ter uma
boa existência, como é racional conceber que a natureza pretende que ela deva
ter. Ela, portanto, goza de liberdade reflexiva da crueldade da natureza e da
tirania da carne (Oke, 1998: 95). A constante referência que um yorùbá faz a Olódùmarè
(Ser Supremo) em questões morais torna-se necessária quando soluções empíricas
para seus problemas fracassam. Por exemplo, no caso de roubo que não pode ser
desvendado pelo método empírico, Olódùmarè é chamado a intervir. Além disso, o
fato de o raciocínio moral yorùbá envolver o sobrenatural não significa que ele
conduz à moralidade de forma transcendental. Ao contrário, a preocupação com a
existência natural de cada pessoa ocupa um lugar central em seu universo moral
(ibid.:96). Por exemplo, qualquer pessoa que contrarie as regras é obrigada a
enfrentar sanções apropriadas.
Podemos
dizer que as pessoas obedecem às leis para usufruir dos benefícios da
moralidade, por um lado, e para evitar sanções que acompanham a violação de
tais regras, por outro. Ao falar sobre benefícios, o indivíduo tenta ser
prudente em suas ações. Ele também toma atitudes de forma expedita, dependendo
da situação em que se encontra. O que tudo isso indica é que o bem-estar humano,
na forma de interesse do indivíduo e da sociedade, constitui a principal
justificativa para ser moral.
Observando
as várias interpretações e aplicações da moralidade no sistema tradicional de
crenças yorùbá reforçará nossa análise. A primeira interpretação é que a moralidade
não é apenas um meio de harmonia com o universo, mas também um fim em si. Isso
significa que vale a pena buscá-la por si mesmo. Em segundo lugar, acredita-se
que sem moralidade ou pelo menos sem pessoas moralmente boas, o mundo seria um
lugar difícil para se viver. O terceiro é que ser moral tem seu próprio fardo,
mas o fardo não deve desencorajar uma pessoa de uma vida nessas moral, pois a moralidade
é a própria essência e valor da vida e, em quarto lugar, os yorùbá são
convencidos a serem morais por causa da posteridade. Acredita-se que nem a
conduta boa, nem a má perecerão ou serão esquecidas (ibid.).
Um
exame minucioso de todas essas interpretações da moralidade no universo
tradicional yorùbá aponta para apenas um fator: o bem-estar humano. A alegação
de que a moralidade é um bom valor por si só seria vista, em uma análise mais
minuciosa, produzindo certos benefícios. O benefício será acumulado para
alguém, desde que seja moral. Além disso, a afirmação de que a moralidade é
necessária por causa da posteridade também pode ser vista como uma asserção que
tem como foco o bem-estar humano. Por exemplo, uma pessoa que morreu deixando
para trás boas ações já havia estabelecido um bom ambiente para seus filhos,
parentes e comunidade. Ao contrário, se ninguém se beneficia das boas ações de
uma pessoa falecida, muitas pessoas, enquanto vivos, restringem suas ações ao
que é de benefício imediato ao seu estado atual. Portanto, se alguém é guiado
por considerações sobre o que ganha na existência física ou na não-física, o
fator máximo é o bem-estar do agente em particular e da sociedade em geral.
Outro
atento olhar sobre a maneira como falamos sobre moralidade nas sociedades
tradicionais revelaria uma preocupação com o bem-estar humano (Wiredu, 1980:
6). Por exemplo, o que é bom deve ser o que convém ao ser humano, o que promove
a dignidade humana e o que traz alegria à pessoa e à sua comunidade. Por outro
lado, o que traz miséria, desgraça e infortúnio é ruim. Embora ninguém possa
contestar a afirmação de que o Ser Supremo odeia condutas imorais, é o caso de Olódùmarè
aprovar algo (conduta ou ação) se tal coisa é boa em primeiro lugar (ibid.).
Embora
não possamos menosprezar o papel dos seres supernaturais, ao considerar a
lógica de ser moral no universo yorùbá tradicional, a observância moral do
indivíduo é ditada pela prudência e conveniência, porque seu principal objetivo
é o bem-estar humano. Mesmo quando consideramos as injunções morais do Ser
Supremo, vemos que essas injunções são o que Ele espera obter ao iniciar
qualquer curso de ação, moral ou não.
Conclusão
Concluamos
este artigo levantando a questão: Como nossa compreensão da lógica de ser moral
ajuda a lidar com o sentimento de insegurança no mundo contemporâneo?
Se
a lógica principal de ser moral é o bem-estar humano, como o exemplo yorùbá
demonstrou, o bem-estar da comunidade mundial é garantido com base no bem-estar
de todos os seres humanos. E como o indivíduo é um ser social, qualquer decisão
dele, imoral, afetaria o bem-estar de outros membros da sociedade e consequentemente
atrasaria o desenvolvimento humano, a paz e a segurança. É dever de toda
comunidade, portanto, garantir que os indivíduos absorvam virtudes morais por
meio da educação, da vida comunitária, da recompensa e das sanções. Embora seja
do interesse próprio do indivíduo ser moral, esse interesse próprio só pode ser
garantido da perspectiva do bem-estar de todos.
Observemos
que, independentemente de nossa abordagem às questões morais, o bem-estar
humano deve ser sempre o foco. Um mundo seguro será aquele em que as pessoas
estarão preocupadas em garantir o bem-estar de todos os indivíduos, grupos,
instituições, comunidades e nações. Não podemos negociar menos que o bem-estar
humano, independentemente de nossas diferenças, para que a vida continue e seja
significativa para todos em nosso planeta.
Referências
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lbadan: University Press.
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in Moral Philosophy. Shomolu Bafik Educational Publishers.
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Frankena, W.K. (1995), Ethics, Second Edition, New
Delhi: Prentice Hall of India Private Ltd.
Gyekye, K. (1996), African Cultural Values, Accra:
Sankofa Publishing Company.
ldowu, E.B.(1?62), Olodumare: God in Yoruba Belief,
London Longmans.
Kayode, J.O. (1986), African Ethics on Sex in S.O.
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Oke, M. (July 1988) 'Self-Interest as the Ground of
Moral Obligation', Second Order; New Series, vol, 1NO.2.
Oladipo, O. (1987), Morality in Yoruba Thought: A
Philosophical Analysis, Quest, vol, 1 N. 2.
Sogolo, G. (1993), Foundations of African Philosophy:
A Definitive Analysis of Conceptual Issues in African Thought, Ibadan: Ibadan
University Press.
Wiredu, K. (l980), Philosophy and An African Culture,
Cambridge: Cambridge University Press.
[1]
Publicado originalmente em lbadan Journal of Humanistic Studies (n. 11 &
12, 2001/2002)
[2] Doutor em Filosofia. É professor
da Universidade de Ìbàdàn, Estado de Ọ̀yọ́, Nigéria.
[3] O autor não usa a palavra ética
em seu texto, mas moral, o que nos leva a ter que fazer algumas observações, pois
podem surgir problemas quanto ao uso dos termos "ética" e
"moral".
Elas derivam do grego “ethos” e “ethikos” e do latim
“mores” e “moralis”, que podem ser traduzidas de várias maneiras como costumes,
maneiras ou normas sociais. De fato, porém, é possível diferenciar a raiz grega
da ética da raiz latina da moralidade de uma maneira que nos pode ser útil.
Assim, "ética" se inclina para decisões baseadas no caráter
individual e na compreensão mais subjetiva do certo e do errado pelos
indivíduos, enquanto "moral" enfatiza as normas comuns ou sociais
amplamente compartilhadas sobre o certo e o errado. Em outras palavras, a ética
é uma avaliação individual dos valores como bom ou ruim, enquanto a moralidade
é uma avaliação da comunidade mais intersubjetiva do que é bom, certo ou justo
para todos.
A relevância da distinção é vista quando perguntas
como "como devo agir?" e "o que devo fazer?" são ampliados
à pergunta de Sócrates: "como devemos viver?". Concedida a
multiplicidade de culturas e tradições da sociedade moderna, resultando em uma
colagem moral diversificada, sem uma única verdade facilmente identificável, a
grande questão moral é certamente: "como devemos viver juntos?".
(SABARINI, 2014)
Certos costumes ou comportamentos são reconhecidos
como bons e outros como ruins, e estes compreendem coletivamente a moralidade,
ou seja, a soma do nosso sistema de valores como seres humanos. É, então, nesse
sentido, a busca do bem-estar da comunidade, que o texto é construído pelo
autor e é a forma como deve ser entendido. N.T.
[4] A questão “por quê ser moral?”,
que foi formulada expressamente no contexto do debate filosófico acadêmico por
Francis Herbert Bradley, divide os leitores quando buscam sua resposta em Kant.
Uns acham, como Gerold Prauss, que Kant negue a possibilidade de tal resposta e
diga que a moral precisa ser aceita como um fato simplesmente dado, o “fato da
razão”. Contudo, como tal imediatismo ou “decisionismo transcendental” parece
insatisfatório, um outro grupo defende a assim chamada “interpretação do agente
racional”, onde este último apresenta o valor supremo, absoluto, que fundamenta
a moral e, com isso, apresenta a razão em virtude da qual devemos agir
moralmente. Mas tal valor absoluto ou já é moral, mas então a resposta dada à
questão “por quê ser moral?” entra num círculo vicioso. Ou tal valor faz a
moral depender de algo fora da moral o que, conforme Kant, destruiria toda
moral. A solução do problema é a seguinte: Kant não deriva a moral de um
pressuposto extramoral nem pressupõe a própria moral como simplesmente dada,
mas explica o originar da moral. Ela origina da razão prática pela volta dessa
razão sobre si mesma que constitui sua autonomia. Por este seu originar, a
moral não é uma mera derivação de algo pressuposto, mas algo radicalmente novo,
original, autónomo. Pelo outro lado, existe, sim, uma fundamentação da moral,
i.e., um processo compreensível de sua constituição. Com isso, Kant evita o
imediatismo: a moral não precisa ser simplesmente aceita como um fato puro, mas
pode ser compreendida pela razão. (UTZ, 2018) NT.
IwaPele no Aye resolveria a grande maioria dos problemas do núcleo familiar, social, da comunidade, sociedade e das nações em geral. Mas a Modernidade da "sociedade líquida " para qual caminhamos só nos faz distanciar do ideal comunitário.
ResponderExcluirIwaPele no Aye resolveria a grande maioria dos problemas do núcleo familiar, social, da comunidade, sociedade e das nações em geral. Mas o processo histórico e o atual momento da Modernidade e/ou Pós Modernidade da "sociedade líquida " para qual caminhamos só nos faz distanciar do ideal comunitário. Neste sentido cada centro de cultura afro diaspórica brasileira deve ser centro de crítica, reflexão e principalmente de prática para a mudança comportamento individual para colocar 'em' prática a tradição yorubá para o bem estar humano materializando na prática o comportamento moral que foi registrado neste belo artigo. Parabéns aos elaboradores ! Asé!
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